Talentos precoces no Brasil
* Mário Efegomes Jr.
Na coluna anterior lancei a seguinte questão: “a precocidade é incompatível com longevidade na carreira?”. Na busca de resposta, tentei demonstrar que nem todos os atores infanto-juvenis encerram precocemente a carreira. Em amparo a essa tese citei atrizes e atores que iniciaram suas carreiras ainda na infância e mantiveram-se ativos por toda a vida. Todavia, todos os mencionados eram estrangeiros e atuantes no circuito América do Norte – Europa.
Vou permanecer no tema, mas agora com foco no cinema nacional. Assim, início recordando o ator Samuel Costa, que tinha apenas 9 anos quando interpretou o personagem-título em “Menino Maluquinho – O Filme”, de 1995, e na sua continuação de 1998. Inspirados na obra de nosso grande Ziraldo Alves Pinto, ambos os filmes, lançados há quase de 25 anos, até hoje encantam crianças e adultos. Para saudade dos fãs, Samuel afastou-se dos sets e desde 2010 é diretor e sócio de uma produtora de conteúdo.
Eunice Baía estreou aos 10 anos no filme “Tainá – Uma aventura na Amazônia”, de 2000, igualmente interpretando a personagem-título. Muito talentosa, estrelou a continuação de 2004. Repletos de mensagens ecológicas, ambos os filmes obtiveram ótimas críticas e bilheterias. Antes de afastar-se dos holofotes Eunice atuou em mais outros dois filmes e programas de TV. Formada em design de moda, atualmente é artista visual, estilista e coordenadora de figurino.
No outro extremo, há talentos precoces que persistem por toda a vida na profissão. É o caso de Tarcísio Filho, que com apenas 7 anos estreou na “telona” no papel do jovem Dom Pedro I, no clássico “Independência ou Morte”, de 1972. Receita de sucesso! Lançado em meio às comemorações do Sesquicentenário da Independência, o filme tem no elenco três membros da família Meira Menezes – verdadeiros ícones de nossa TV, teatro e cinema: Tarcísio (o pai) interpreta Dom Pedro I na fase adulta. Glória (a mãe) brilhou no papel de Domitila de Castro, a Marquesa de Santos. Tarcísio Filho segue na carreira artística, com atuações no cinema e teatro e já soma mais de 40 trabalhos na TV.
Glória Pires tinha apenas 8 anos quando, em 1971, iniciou a carreira na então TV Globo. No ano seguinte já contracenava com o próprio pai, o ator e humorista Antônio Carlos Pires, e com Chico Anísio no clássico do humor nacional “Chico City”. Possui uma sólida carreira na TV e cinema, sendo aclamada pela crítica e público. Entre os anos de 1978 e 2020, Glória acumulou mais de 50 premiações pelos seus trabalhos.
Rosana Garcia, a inesquecível Narizinho do “Sítio do Pica-pau Amarelo”, iniciou a carreira no programa de seu padrinho “Moacyr Franco Show”. Estreou em novelas aos 8 anos em “Meu Primeiro Amor”, de 1972, ao lado do consagrado ator Sérgio Cardoso. Sua irmã, Isabela Garcia, estreou na TV Globo aos 4 anos em “Medeia”, episódio do programa “Caso Especial”, em 1971. Ambas seguem atuando e já fazem parte da história da TV Brasileira.
Selton Mello estreou aos 8 anos na série Dona Santa, exibida pela TV Bandeirantes em 1981. Seu irmão, Danton Mello, iniciou na TV Globo aos 10 anos na novela “A Gata Comeu”, de 1985. Versáteis, ambos possuem sólidas carreiras na TV, Cinema e Teatro, onde alternam o ofício de atores com dublagens e direção.
Registro que, por limitação de espaço, não foi possível incluir comentários sobre atrizes e atores precoces que participaram de filmes de Amácio Mazzaropi e dos Trapalhões, gigantes do cinema nacional que merecem futuras colunas.
Fico por aqui! Agradeço a leitura e espero que tenha gostado. Até a próxima!
* Mário Efegomes Jr. é natural de Santos, advogado, cinéfilo e aficionado por música.