Guerra só na tela Terceira Parte
Conforme anunciado anteriormente, faço este terceiro e último texto sobre o tema, tentando sempre reforçar a filosofia “guerra nunca, pacifismo sempre”!
Por Mario Efegomes
Seguindo a cronologia dos fatos, chegamos à Guerra da Coréia, conflito travado entre a Coréia do Norte (apoiada pela China e pela extinta União Soviética) e a Coréia do Sul (apoiada pelas Nações Unidas e pelos Estados Unidos), que teve início em 25.06.1950 e término em 27.07.1953. Os filmes de ação “Capacetes de Aço” (1951), e “Baionetas Caladas” (1951), ambos de Samuel Fuller e produzidos em pleno confronto, foram os pioneiros a abordar o assunto. “Os que Sabem Morrer” (1957), de Anthony Mann, narra o drama de um batalhão perdido na selva com a missão de tomar um ponto estratégico que trava uma violenta batalha contra os soldados norte-coreanos. A comédia “M.A.S.H.” (1970), de Robert Altman, tem como cenário uma unidade militar hospitalar em que três cirurgiões irreverentes e debochados lidam com a pressão do cotidiano em plena Guerra da Correia. Entre outras premiações, recebeu o Oscar de Melhor Roteiro Adaptado e virou um cultuado seriado de TV homônimo, exibido pela rede americana CBS entre 1972 e 1983. O drama “MacArthur, o General Rebelde” (1977), de Joseph Sargent, é baseado na vida do militar norte-americano Douglas MacArthur, que pretendia acabar com a Guerra da Coréia a todo custo. Além dos ataques aéreos ao território norte-coreano, determinou bombardeios em cidades industriais chinesas (para interromper o fornecimento de suprimentos), mas as bombas atingiam indistintamente fábricas, escolas, hospitais e residências. Inclusive, em sua tática genocida de “terra arrasada” (consistente na destruição de qualquer coisa que possa ser proveitosa ao inimigo), defendia o lançamento de bombas atômicas sobre a Coréia do Norte. Dá para acreditar? Em 1951, foi afastado do comando pelo presidente Harry Truman.
A Guerra do Vietnã foi um conflito armado ocorrido no Vietnã, Laos e Camboja, travado entre o Vietnã do Sul (apoiado pelos Estados Unidos, Coréia do Sul, Austrália, Tailândia e outras nações anticomunistas) e o Vietnã do Norte (apoiado pela União Soviética, China e outros aliados comunistas). Teve início em 01.11.1955 e término em 30.04.1975 com a vitória norte-vietnamita e consequente reunificação do Vietnã. Com o desfecho as forças comunistas assumiram o poder no Vietnã, Laos e Camboja. Em 1993 foi restaurada a monarquia constitucional no Camboja, que permanece até os dias atuais. Destaco, inicialmente, “Apocalypse Now” (1979), de Francis Ford Coppola, que tem um elenco excepcional, cenas espetaculares e mostra todo tipo de insanidade e degradação que a guerra dá causa. Foi indicado ao Oscar em 7 categorias e recebeu 2 estatuetas: Melhor Fotografia e Melhor Som. É aclamado por parte da crítica como um dos melhores filmes de todos os tempos. O drama “Platoon” (1986), de Oliver Stone, é baseado nas experiências do próprio diretor Oliver Stone. Contando igualmente com um grande elenco, narra a transformação de um jovem estudante que, em 1976, deixa a universidade para combater no Vietnã. Porém, diante da realidade, vê todo o seu idealismo acabar no campo de batalha. Também merecem ser revistos os ótimos “Nascido para Matar” (1987), de Stanley Kubrick, “Bom dia, Vietnã” (1987), de Barry Levinson, e “Forrest Gump – O Contador de Histórias” (1994), de Robert Zemeckis.

Ocupo este parágrafo para falar sobre um fato isolado, mas que considero de grande relevância: a Revolução dos Cravos (foto), também conhecida como Revolução de Abril, episódio da história de Portugal resultante do movimento político e social ocorrido em 25 de abril de 1974, que depôs o regime ditatorial de extrema direita que perdurava há 41 anos. Esta ação não violenta (que, na realidade, foi um golpe de estado) foi liderada por um movimento militar autointitulado MFA (Movimento das Forças Armadas) composto, na sua maior parte, por capitães do exército português que haviam servido na Guerra Colonial (travada em Angola, Guiné-Bissau e Moçambique, na África, então colônias de Portugal). O cravo vermelho tornou-se o símbolo da Revolução de Abril, pois, segundo registros da época, Celeste Martins Caeiro (foto), que trabalhava em Lisboa no restaurante Franjinhas, à rua Braamcamp, para demonstrar seu apoio ao MFA, iniciou a distribuição de cravos vermelhos para quem passasse na Praça Dom Pedro IV (mais conhecida por Rossio). Entusiasmadas, as pessoas passaram a ofertar essas flores aos soldados, que as enfiavam nos canos dos fuzis para dar maior ênfase ao caráter não violento de suas ações militares. Daí surgiu o nome "A Revolução dos Cravos", homenageada na bela canção de Chico Buarque de Holanda “Tanto Mar”, gravada na 10ª faixa do álbum “Chico & Bethania ao Vivo”, de 1975. O drama “Capitães de Abril” (2000), produzido por Maria de Medeiros, que também assina o roteiro inspirado em lembranças de sua infância e interpreta uma das personagens centrais, narra com muita sensibilidade, humor e emoção os fatos que se iniciaram na noite de 24 para 25.04.1974. A senha para a intervenção militar foi uma música tocada por uma estação de rádio invadida por um pequeno grupo de capitães revolucionários. Trata-se da belíssima canção (então censurada pela ditadura portuguesa) chamada “Grândola, Vila Morena”, de autoria do cantor português José Afonso, gravada em 1971 no seu álbum “Cantigas de Maio”. O elenco é impecável, a trilha sonora é belíssima e considero o filme imperdível! Se não fosse a brutalidade da polícia política portuguesa PIDE - Polícia Internacional de Defesa do Estado (órgão repressor correlato ao abominável DOPS - Departamento de Ordem Política e Social, polícia política da “nossa” ditadura militar), que truculentamente assassinou quatro civis, essa revolução pacífica, que transformou completamente o país (no melhor sentido), teria transcorrido sem violência! Grande exemplo para a humanidade!
A Guerra do Golfo (a primeira da história televisionada em tempo real) foi um conflito militar travado entre o Iraque e as forças da Coalizão Internacional, liderada pelos Estados Unidos e com apoio da Organização das Nações Unidas. Tinha por objetivo a libertação do Kuwait, então ocupado e anexado pelas forças armadas iraquianas sob as ordens de Saddam Husseinn. Teve início em 02.08.1990 e término em 28.02.1991 com a vitória da Coalizão. Em consequência as tropas iraquianas foram expulsas do Kuwait, país que atualmente é um emirado constitucional sob um governo parlamentarista. O drama “Guerra ao Terror” (2008), de Kathryn Bigelow, narra a jornada de um grupo de soldados no Iraque integrantes do esquadrão antibombas do exército norte-americano. O filme foi indicado ao Oscar em 9 categorias e recebeu 5 estatuetas, inclusive a de Melhor Filme.
A Guerra ao Terror ou Guerra ao Terrorismo é uma campanha militar desencadeada pelos Estados Unidos da América, em resposta aos ataques de 11 de setembro de 2001 e como parte de sua estratégia global de combate ao terrorismo. O drama “Leões e Cordeiros” (2007), de Robert Redford, narra o cotidiano de pessoas envolvidas em aspectos distintos da guerra tais como um senador, um professor idealista e dois rapazes em combate nas montanhas geladas do Afeganistão, cujo desejo de dar sentido à vida fez com que se alistassem no exército americano.
Enfim, creio que para mostrar os benefícios da paz muitas vezes é necessário falar sobre os absurdos da guerra.
p.s.: Esse texto já estava concluído quando, com muito pesar, tive de fazer esta inserção para expor o meu total repúdio à invasão da Ucrânia pela Rússia. Sem fazer qualquer juízo de mérito (e de valor) sobre a contenda existente entre as duas nações, considero inaceitável que na segunda década do século XXI conflitos de interesses sejam decididos por meio da força e violência, em detrimento do diálogo e da diplomacia! Tudo muito triste e lamentável...
* Mário Efegomes Jr. é natural de Santos, advogado, cinéfilo e aficionado por música.
Fontes: Portais Google e Wikipédia e dicionário Michaelis.