E o Oscar não foi para... os injustiçados!

Por Mário Efegomes Jr.
Oficialmente chamado de “The Academy Awards”, é entregue todos os anos pela AMPAS – Academy of Motion Picture Arts and Sciences (em português, Academia de Ciências e Artes Cinematográficas), fundada em Los Angeles em 1927.
A primeira cerimônia de entrega ocorreu em 16.05.1929 e a mais recente em 25.04.2021, sendo esta a 93ª (nonagésima terceira) premiação. Atualmente conta com 23 categorias e a escolha dos vencedores é feita por voto direto das atrizes, atores, diretores, roteiristas, técnicos, e demais integrantes da Academia (cerca de 6.000 membros), mediante uma lista de candidatos previamente aprovada pelos critérios estabelecidos pela própria Academia.
Fisicamente, o Oscar nada mais é do que uma estatueta de 35 cm de altura pesando cerca de 4 quilos e folheada a ouro. Tem a forma de um homem careca empunhando uma espada junto ao corpo. Seu pedestal tem o formato de um rolo de filme. Seu valor real é de cerca de 500 dólares, o que considero muito pouco se comparado com o seu valor simbólico. É só fazer as contas ao câmbio do dia!
Ao longo desses 93 anos de existência sempre despertou interesse dos fãs, que fazem muita torcida pelos seus indicados favoritos. Todos os anos, a crítica especializada faz listas apontando os prováveis vencedores. Entretanto, esses palpites nem sempre são certeiros. Para sabermos com absoluta certeza o resultado, é necessário aguardar que o agraciado no ano anterior abra o envelope lacrado e revele quem é o vencedor da noite. Atenção, silêncio... “And the Oscar goes to...”.
Sucede que na história das premiações sempre houve controvérsias e, ouso até dizer, injustiças! Para exemplificar, cito, inicialmente, a excepcional Glenn Close que já havia sido indicada 7 vezes ao prêmio sem nunca ter sido contemplada. Neste início de 2021, concorreu novamente na categoria Melhor Atriz Coadjuvante por seu papel no filme “Era uma Vez um Sonho” (2020), de Ron Howard, sendo preterida pela 8ª vez! Quem levou a estatueta foi a sul-coreana Yoon Yeo-jeong pela atuação em “Minari: Em busca da Felicidade” (2020), de Lee Isasc Chung. A atriz ao receber o prêmio se perguntou no palco: “Como eu posso ganhar da Glenn Close?”. Mas essa homenagem em forma de protesto nem foi novidade! Dois anos antes, quando Glenn concorria pela 7ª vez, desta feita pelo seu desempenho no papel-título em “A Esposa” (2017), de Björn Runge, a vencedora Olivia Colman (que concorria ao prêmio pela primeira e, até o momento, única vez), ao receber o Oscar de Melhor Atriz por “A Favorita” (2018), de Yorgos Lanthimos, também se desculpou por tê-la superado: “Glenn Close, você é meu ídolo há tanto tempo. Não era assim que eu queria que acontecesse. Eu te acho incrível, muito obrigado”! Se os fãs e as concorrentes ficaram frustrados, imagine a veterana Glenn, que permanece com a prateleira vazia. Nem unzinho sequer para consolar!
Amy Adams, conhecida por sucessos como “Prenda-me se For Capaz” (2002), de Steven Spielberg, em que faz par romântico com Leonardo DiCaprio, “Encantada” (2007), de Kevin Lima, “Casa Comigo?” (2010), de Anand Tucker, “A Chegada” (2016), de Denis Villeneuve e “Era uma Vez um Sonho” (2020), de Ron Howard, já recebeu 6 indicações ao Oscar, mas nunca foi contemplada. Portanto, só fica atrás da “pé frio” Glenn Close! Quando será que Amy “desencantará”?
Falando em Leonardo DiCaprio (excepcional ator, possivelmente o melhor da sua geração), em 2014 contava 4 indicações ao Oscar, sendo três como ator e uma como produtor. Eu já o havia incluído na “Categoria Injustiçado”, até que veio a 5º (quinta) indicação e DiCaprio finalmente levou para casa a estatueta de Melhor Ator por seu papel em “O Regresso” (2015), de Alejandro Gonzáles Iñárritu. Apesar de não considerar a sua melhor atuação, o prêmio é tardio e mais que merecido! Talvez um misto de reconhecimento e retratação da Academia! Parabéns, Leo!
Bradley Cooper, protagonista dos ótimos “O Lado Bom da Vida” (2012), de David O. Russel, e “Nasce Uma Estrela” (2018), de sua própria direção, já foi indicado 3 vezes ao Oscar, mas nunca foi laureado.
Johnny Deep, o nosso querido “Edward Mãos de Tesoura” (2000), de Tim Burton, em minha opinião já merecia a estatueta por sua atuação em “Ed Wood” (1994), também de Tim Burton, ou pelo belo e emocionante “Em Busca da Terra do Nunca” (2004), de Marc Foster, também foi indicado 3 vezes. Mas, talvez para não deixar Bradley Cooper com ciúme, também jamais venceu.
Michelle Pfiffer já teve 3 indicações e Tom Cruise idem, seguidos por Helena Bohan Carter e Will Smith, cada um com 2 indicações. Somados, esses talentos totalizam 10 indicações ao Oscar, mas até o momento nunca foram premiados. Mas vamos seguir torcendo, pois, pelo que já fizeram pelo cinema, eles merecem!
Pretendo futuramente retomar o assunto. Creio que, se não é possível reparar eventuais injustiças, ao menos fica a homenagem a esses grandes talentos!
* Mário Efegomes Jr. é natural de Santos, advogado, cinéfilo e aficionado por música.