Baixada santista pode ser engolida pelo mar
Igor Reis*
Há anos o meio ambiente é um dos assuntos mais discutidos no mundo, seja por autoridades globais ou grandes empresas. Semana passada aconteceu em Portugal uma Conferência da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre os oceanos. Um assunto muito sério, pois envolve todo o ecossistema que toda a raça humana vive desde a sua existência.
“Isso só vai acontecer no futuro” é uma das frases que ouvimos quando falamos sobre problemas ambientais para pessoas desinteressadas. Assim, um dos objetivos da conferência da ONU sobre os oceanos, é o desafio de tornar o assunto mais chamativo e interessante para todo o público. No Brasil, o problema é ainda maior, como sempre.
O brasileiro quando lê a palavra “ambiental”, já encarna o tédio. Quando tocamos nesse assunto para familiares e amigos é uma decepção. Ou não querem ouvir porque acham “coisa de hippie”, ou acham que não precisamos nos preocupar porque o ecossistema é “muito grande” e “até lá nem estaremos vivos”.
O dever daqueles que sabem, desde já, o quão importante é a preservação do meio ambiente, é pensar em uma forma de passar a informação de maneira didática ou, no caso das crianças, até de forma lúdica.
O desinteresse das gerações passadas é entendido pela forma da criação e vivência de mundo. Na época o assunto não era difundido o tanto que é nos tempos atuais. E sabemos o quanto que algo novo é deixado de lado, principalmente em um País tão conservador.
A desculpa que os desinteressados usam de que os problemas só acontecerão no futuro, já está caindo. Infelizmente, as notícias sobre catástrofes climáticas estão aumentando drasticamente. Mas, temos que trazer isso para a realidade dos que duvidam (por isso o título). Por exemplo, ninguém sente a temperatura do planeta Terra se elevando, mas enxergam o desequilíbrio causado na maré mais alta que o normal, extinção de plantas e animais que fizeram parte de suas vidas, inundações que levaram todos os móveis de suas casas, redução da produtividade de lavouras que fez parentes perderem o emprego, ou até o aumento e surgimento de novas doenças.
Outro exemplo é que, segundo um estudo norte-americano, publicado pela revista Environmental Research Letters, aponta que Santos pode ser totalmente invadida pelo mar nos próximos anos por conta do aumento do nível dos oceanos. A situação é de alerta pois os efeitos poderão começar a ser sentidos até 2050.
Porém, o fator que sustentou o grande avanço tecnológico e um consequente aumento extraordinário da qualidade de vida no planeta é também o responsável pelo desequilíbrio ecológico que observamos hoje. E, com esse avanço, podemos dar um passo atrás e preservar o que resta do nosso mundo.
O futuro já chegou, e podemos ver a olhos nus todo o resultado que a humanidade produziu. Países e empresas multinacionais já fizeram muitos acordos com o objetivo de parar com a emissão de gás carbônico na atmosfera.
A Conferência de Lisboa também frisou sobre o papel de cada um nessa jornada. Não adianta jogarmos toda a responsabilidade para os governantes e não fazermos a nossa parte, seja pelas ações ou na comunicação.
*Jornalista