Algo pior que 4 de outubro
Por Igor Reis
E agora?
Cléber sem o quadrado vermelho em que ele pede comida.
Janaína sem o círculo dourado que muda de valor.
Guilherme sem os pequenos quadrados que fazem aparecer o alfabeto latino.
Sandra sem o salário que era para ter recebido nos mesmos moldes de Janaína. E Fabrício sem as imagens virtuais que valem mil vezes o seu salário.
E agora?
Marck sem o seu book, Drew Houston sem o seu box, Kevin Systrom sem o seu insta, Daniel Ek sem o Spotify…
Patrick Sigrist sem o quadrado que o Cléber usava!
Satoshi Nakamoto sem o círculo dourado usado pela Janaína!
Christopher Latham sem os quadrados usados por Guilherme!
E Kevin McCoy sem a imagem virtual que o Fabrício sonhava em ter.
E agora?
Nós sem a rede…
Só a rede para descansar de todo esse bombardeio de informações e todo o papo que já estamos acostumados a ouvir.
Nós sem o fone.
Só a fome real, sem aquela instigada pelas propagandas a cada duas ou três postagens.
Nós sem a gravação.
Só o ao vivo. Vivo! Na sua frente! E aí? Saberá o que fazer?
Ainda sabemos abraçar? Apertar as mãos?
Em um mundo ideal, essa queda na rede deveria ser no primeiro dia pós pandemia.
* Igor Reis é graduado em Jornalismo pela Universidade Paulista de Santos e cronista, de Praia Grande.
Este texto não reflete necessariamente a opinião do Portal Raiz Trabalhista.