Quebrando recordes!
* Mário Efegomes Jr.
Surgidos na Grécia no século VIII a.C, os Jogos Olímpicos da Antiguidade eram realizados de quatro em quatro anos na cidade de Olímpia e foram encerrados no século V d.C. Em 1894, inspirado por esses eventos poliesportivos e na esperança de revivê-los, o historiador e pedagogo francês Pierre Frédy, o Barão de Coubertin, realizou o chamado “Congresso Internacional de Amadores”. Nesse encontro, que teve grande adesão, além da criação do “COI – Comitê Olímpico Internacional” foi aprovado o retorno dos Jogos Olímpicos. A primeira edição ocorreu já em 1896, na capital grega Atenas. Com exceção dos anos de 1916, 1940 e 1944, em que os Jogos Olímpicos foram cancelados por causa da Primeira e Segunda Guerras Mundiais, o evento vem se repetindo a cada quatro anos. Todavia, como é de conhecimento, por causa da epidemia do novo coronavírus, os Jogos Olímpicos de Tóquio- 2020 foram adiados para 2021. Sendo assim, no dia 23.07.2021 foi realizada a cerimônia de abertura, a pira foi acessa e deu-se início formal à trigésima terceira edição dos Jogos Olímpicos da era moderna. Por fim, em 08.08.2021, após termos vistos disputas espetaculares e alguns recordes serem quebrados, teve lugar a cerimônia de encerramento.
Para alegria geral, nossos atletas obtiveram quatro conquistas inéditas: a paulista Rebeca Andrade se tornou a primeira ginasta brasileira a receber duas medalhas numa mesma edição (ouro no salto e prata na ginástica artística), a baiana Ana Marcela Cunha a primeira a ganhar ouro na natação ao vencer a maratona aquática, a skatista maranhense Rayssa Leal se tornou, aos 13 anos, a medalhista mais jovem do Brasil e o potiguar Ítalo Ferreira entrou para história como o primeiro campeão olímpico de surfe! Meus parabéns ao quarteto e a toda delegação brasileira por terem alcançado o melhor resultado olímpico do Brasil ao totalizarem 21 medalhas, apesar das adversidades que enfrentam para subsistirem do esporte!
E no cinema? Quando o assunto foi abordado pela primeira vez? A minha pesquisa aponta para “Olympia” (1938), de Leni Riefenstahl. Trata-se de um filme documental financiado pelo Partido Nacional Socialista Alemão, considerado mera propaganda dos Jogos Olímpicos de Berlin, de 1936, também conhecido como “Olimpíadas de Hitler”. Pela origem nazista, relutei em divulgar na coluna a existência desse documentário. Todavia, como o grande herói daqueles jogos olímpicos foi o afrodescendente Jesse Owens, atleta e ativista civil norte-americano que levou para casa 4 medalhas de ouro, abro uma exceção! Dá muito prazer relembrar que essas conquistas de Owens causaram profundo constrangimento aos “anfitriões” que, com suas mentes deturpadas e acreditando no indefensável e absurdo conceito da superioridade racial ariana, viram ruírem seus sonhos de glória nas pistas de atletismo. O filme “Raça”, referido mais abaixo, retrata a participação de Jesse Owens naquelas Olimpíadas.
“Pateta nas Olimpíadas” (1942), de Jack Kinney, é um desenho animado de curta metragem em que o simpático personagem da Disney é um campeão olímpico que explica os eventos de atletismo nos Jogos Olímpicos. Muito divertido e instrutivo!
“Carruagens de Fogo” (1981), de Hugh Hudson, é um drama inspirado na vida dos campeões olímpicos Harold Abrams, britânico vencedor dos 100 metros rasos, e Eric Liddell, escocês vencedor dos 400 metros, que defenderam o Reino Unido nos Jogos Olímpicos de 1924, em Paris, França. Recebeu da Academia 4 estatuetas, entre elas o Oscar de Melhor Filme e o de Melhor Trilha Sonora para o grego Vangelis!
“Jamaica Abaixo de Zero” (1993), de John Turteltaub, é uma comédia inspirada na história real da pioneira equipe jamaicana de “bobsled” (esporte em que trenós têm o seu tempo de descida cronometrado numa pista de gelo cheia de curvas, vencendo a equipe que fizer o menor tempo). O filme é divertido e nos comove pelo empenho dos quatro companheiros que não medem esforços para participar, apesar de todas as adversidades, dos Jogos Olímpicos de Inverno de 1988, no Canadá. Com a qualidade da Walt Disney Pictures, o filme conta ainda com a ótima canção “I Can See Clearly Now”, de Jimmy Cliff!
“Desafio no Gelo” (2004), de Gavin O’Connor, inspirado na vida do jogador e técnico de hóquei no gelo Herb Brooks. Em 1980, Brooks é contratado para dirigir o time de hóquei dos EUA nos Jogos Olímpicos de Moscou, que enfrentaria a equipe da então União Soviética, favorita na disputa do ouro na modalidade.
“Raça” (2016), de Stephen Hopkins, narra a comovente história de Jesse Owens (mencionado acima, no segundo parágrafo), atleta estadunidense que teve que superar o racismo em sua própria pátria para participar dos Jogos Olímpicos de Berlim em 1936, onde conquistou quatro medalhas de ouro como corredor (nos 100 e 200 metros rasos, no salto em distância e no revezamento 4x1). Mesmo com todas essas vitórias na Alemanha Nazista, nunca foi em vida devidamente reconhecido pelos EUA.
“Voando Alto” (2016), de Dexter Fletcher, é baseado na vida de Eddie Edwards e narra todo o seu esforço para conseguir uma vaga e representar a Grã-Bretanha no salto de esqui nos Jogos Olímpicos de Inverno de 1988, em Calgary, Canadá. O filme adota o tom de comédia e a figura de Eddie, “The Eagle”, desperta compaixão pela sua obstinada dedicação ao esporte.
“Eu, Tonya” (2017), de Craig Gillespie, narra a história da patinadora no gelo estadunidense Tonya Harding que, superando a infância pobre, foi campeã do campeonato nacional dos EUA e conquistou a medalha de prata no Campeonato Mundial de 1991. Em 1994, Tonya foi acusada de envolvimento num ataque que seu ex-marido fez contra a sua rival Nancy Karrigan para impedi-la de participar das Olimpíadas de Inverno daquele ano. As cenas de patinação são ótimas e Margot Robbie no papel-título está incrível!
O espaço acabou! Espero que tenha gostado e conto com você na próxima. Muito obrigado!
* Mário Efegomes Jr. é natural de Santos, advogado, cinéfilo e aficionado por música.
Fontes: Folha de São Paulo e Portais Google e Wikipédia.