Noite feliz, noite de paz!
Por Mário Efegomes Jr.
Recordo, também, de quatro tradicionais guloseimas natalinas: o delicioso panetone de frutas cristalizadas, as nozes apetitosas e duras de quebrar, as saborosas castanhas portuguesas (que recebiam um pequeno talho na ponta e eram cozidas na pressão com uma pitada de sal) e, com certo desagrado, as enjoativas rabanadas que, apesar de servidas quentinhas com açúcar e canela salpicados por cima e de serem apreciadas por todos, para mim eram e ainda são “difíceis de engolir”! Ou seja, além do pernil assado, esse quarteto estava sempre presente em nossa mesa na noite do dia 24 e almoço de 25 dos dezembros que marcaram definitivamente a minha memória infanto-natalina.
E a TV dos anos 1960, o que exibia no Natal? Não podiam faltar no cardápio as reprises de filmes épicos bíblicos, tais como “Quo Vadis” (1951), de Mervyn LeRoy, protagonizado por Deborah Kerr e Robert Taylor, que descreve como foram os primeiros anos do cristianismo no tempo em que Nero era imperador de Roma. “O Manto Sagrado” (1953), de Henry Koster, narra o que teria ocorrido com o manto de Jesus após a sua crucificação. Protagonizado por Jean Simmons e Richard Burton, recebeu dois prêmios Oscar nas categorias Melhor Direção de Arte e Melhor Figurino. “Salomé” (1953), de William Dieterle, recebeu sete indicações ao Oscar ao contar a passagem em que a bela e casta Salomé (Rita Hayworth), tentando salvar João Batista (Alan Badel), dança para o governante Herodes Antipas (Charles Laughton), mas o resultado é justamente o oposto. “Barrabás” (1961), de Richard Fleischer, é uma ficção estrelada por Anthony Quinn inspirada nas escassas informações sobre o personagem-título, citado no Novo Testamento no contexto do julgamento de Jesus. “A Maior História de Todos os Tempos” (1965), de George Stevens, David Lean e Jean Negulesco, nos apresenta a vida de Jesus desde o seu nascimento até a Ressurreição. Contando com um vasto e notável elenco, a começar pelo protagonista Max Von Sydow (foto), Charlton Heston (João Batista), José Ferrer (Herodes), Dorothy McGuire (Maria), e John Wayne (Centurião). Recebeu cinco estatuetas nas categorias de Melhor Trilha Original, Fotografia, Efeitos Visuais, Direção de Arte e Figurino!
Recordo, ainda, de dois filmes que eram reprisados com frequência no Natal: o adorável “A Felicidade Não Se Compra” (1946), de Frank Capra, estrelado por James Stuart, Donna Reed e Leonel Barrymore (tio-bisavô de Drew Barrymore, a garotinha de ET); e o encantador “De Ilusão Também Se Vive” (1947), de George Seaton, comédia dramática que recebeu três estatuetas do Oscar, co-estrelada por Natalie Wood, uma bonequinha contando então apenas nove aninhos.
Em 25.12.1974 a Rede Globo exibiu pela primeira vez o programa “Roberto Carlos Especial”, sob direção de Augusto César Vanucci, que com o passar dos anos se tornou uma das mais tradicionais comemorações de Natal e fim de ano da televisão brasileira!
Na véspera do Natal de 1976 foi exibido durante as programações das Redes Globo e Tupi o episódio piloto da série de animação “O Natal da Turma da Mônica”, de Maurício de Souza. Baseado na história em quadrinhos homônima trazia os personagens “Mônica”, “Magali”, “Cebolinha”, “Cascão”, “Anjinho” e o cachorrinho “Bidu”, todos reunidos numa aventura que durava cerca de cinco minutos e no final ouvia-se a inesquecível musiquinha: “... / Feliz Natal pra todos / Feliz Natal!”. A série se tornou um sucesso imediato, teve muitos episódios e até hoje é exibida pela TV Cultura, Cartoon Network e Boomerang!
Ao final daquela década a minissérie ítalo-britânica “Jesus de Nazaré” (1977), de Franco Zeffirelli, foi exibida com enorme sucesso. Trata-se de uma bela e comovente adaptação dos Evangelhos segundo Mateus, Lucas, João e Marcos, e contava com um grande elenco encabeçado por Robert Powell (Jesus), Olivia Hussey (Maria), Anne Bancroft (Maria Madalena) e Ernest Borgnine (Centurião). É merecidamente aclamado como um dos melhores filmes já realizados sobre a vida de Cristo!
Com o passar do tempo os temas foram cada vez mais se diversificando e a TV passou a exibir não apenas filmes bíblicos para celebrar o Natal como também do gênero comédia, fantasia, aventura e romance. Proponho, a seguir, recordarmos alguns desses filmes mais recentes, que já se tornaram clássicos do Natal!
Inicio por “Esqueceram de Mim” (1990), de Chris Columbus, pois creio que todo mundo assistiu ou ouviu falar desta comédia estrelada por Macaulay Culkin, em que um menino de oito anos é inadvertidamente deixado para trás quando sua família viaja em férias de Natal para Paris. Pronto, está armada a confusão!
“Um Herói de Brinquedo” (1996), de Brian Levant, é uma comédia com muita ação em que um pai viciado em trabalho, papel de Arnold Schwarzenegger (ufa, é muita consoante, gente), se esquece de comprar o presente de Natal prometido ao seu filho. Trata-se do boneco de ação “Turbo Man” (inspirado num fictício seriado de TV), que é a sensação do momento e o sonho de todo menino. Só que já é véspera de Natal e os estoques do brinquedo estão esgotados. Com remorso e na esperança de cumprir a promessa, o arrependido paizão inicia uma desenfreada busca por toda a cidade, tentando obter o boneco a qualquer custo! Diversão garantida!
“Simplesmente Amor” (2003), de Richard Curtis, conta com um grande e ótimo elenco para narrar nove histórias de personagens que se entrecruzam na véspera do Natal. Entre eles, destaco o recém eleito primeiro-ministro britânico (Hugh Grant) solteiro convicto, mas que se apaixona por uma jovem funcionária do governo (Martine McCutcheon). Curiosidade: Nosso Rodrigo Santoro participa do filme no papel de um jovem arquiteto por quem a personagem de Laura Linney é apaixonada. Envolvente e cativante!
“O Amor Não Tira Férias” (2006), de Nancy Meyers, comédia romântica em que a norte-americana “Amanda Woods” (Cameron Diaz), proprietária de uma bem-sucedida produtora de trailers em Los Angeles, e a jornalista inglesa “Iris Simpkins” (Kate Winslet) que vive num bucólico vilarejo próximo de Londres, ambas desiludidas com suas vidas amorosas, decidem numa conversa on-line trocar de casa durante os feriados natalinos e acabam conhecendo pessoas que mudarão suas vidas para sempre. Muito charmoso!
Como estamos a poucos dias do final do ano farei um breve recesso na coluna, mas retorno em 07.01.2022 esperando contar novamente com a sua companhia! Aproveito esta oportunidade para desejar a todos os colegas colunistas, aos nossos colaboradores e especialmente aos leitores do Portal RT um Natal de muita paz, saúde e um próspero Ano Novo!
Por fim, registro os meus sinceros agradecimentos ao dileto casal Alcione Marinho de Moura e Márcio Aurélio Soares pelo convite e a oportunidade de participar deste projeto coletivo, agradecimentos que estendo à minha querida esposa que sempre me incentiva e muito me auxilia com sugestões e revisões ortográficas, e a todos os meus familiares e amigos, que me honram semanalmente com a leitura dos textos!
Fontes: Portais Google e Wikipédia.
* Mário Efegomes Jr. é natural de Santos, advogado, cinéfilo e aficionado por música.