Filmes e séries “aéreo especiais”!
* Mário Efegomes Jr.
Desde 1707, ano em que o padre e cientista Bartolomeu de Gusmão, santista cognominado “O Padre Voador”, patenteou o aeróstato (depois conhecido como balão de voo), inúmeros visionários deram suas contribuições à conquista do espaço.
Considero obrigatório citar o brasileiro Alberto Santos Dumont e os norte-americanos Wilbur e Orville, os irmãos Wright – três inventores pioneiros que, sem dúvidas, merecem o epíteto de “Pais da Aviação”.
Ao longo do século XX a indústria aérea seguiu se desenvolvendo até que, em 12 de abril de 1961, vimos o cosmonauta russo Iuri Gagarin se tornar o primeiro ser humano a viajar pelo espaço a bordo da Vostok 1 e constatar que, além de redonda, “A Terra é azul”. Em 20 de julho de 1969, o astronauta norte-americano Neil Armstrong, comandante da Apollo 11, fez o inédito pouso na Lua a bordo do módulo “Eagle”. Ao pisar na superfície lunar, em transmissão ao vivo em cadeia mundial de TV, disse a célebre frase: “É um pequeno passo para o homem, mas um salto gigante para humanidade”!
Ou seja, desde os primórdios até chegarmos aos atuais avanços da tecnologia aeroespacial muita água passou por debaixo da ponte (a imagem ficaria mais adequada se falasse de navios, mas não me ocorreu melhor). Nesse caminho, muitos literalmente deram a vida no desenvolvimento de engenhocas de voo até que, em 11 de julho de 2021, chegamos à era do turismo espacial, inaugurada pelo bilionário britânico Richard Branson, fundador do grupo Virgin.
A bordo da nave VSS Unity, fabricada pela sua empresa Virgin Galactic, acompanhado por mais 5 passageiros, se tornou o primeiro empresário a voar além da atmosfera terrestre. Cerca de 600 pessoas já compraram passagens para seus voos turísticos, previstos para iniciarem em 2022. Cada ingresso custa US$ 250 mil (preço bem “salgado” para uma aventura que dura cerca de uma hora).
Decorridos apenas 9 dias, em 20 de julho de 2021, vimos Jeff Bezos, da Amazon, fazer uma breve excursão ao espaço a bordo da New Shepard, construída pela sua Blue Origen. Num voo autônomo (sem piloto) que durou apenas 11 minutos, o bilionário levou consigo o irmão Mark Bezos e mais duas pessoas, que se tornaram a mais velha e a mais jovem no espaço. Respectivamente, Wally Funk, uma “vovó” de 82 anos pioneira da aviação, e Oliver Daemen, estudante holandês de 18 anos (que ganhou o assento arrematado em leilão pelo seu pai, o primeiro pagante de ingresso para voo turístico).
Elon Musk, fundador da Tesla e terceiro bilionário no páreo, é proprietário da Space X, mas ainda não anunciou data para início de voos de lazer da sua nave Starship. Portanto, está “atrasado” nesta corrida pelo turismo orbital!
E o cinema? Quando começou a mostrar as conquistas do céu e do espaço? Na ficção, a resposta é fácil: “Viagem à Lua” (1902), de Georges Méliès, inspirado na obra de Jules Verne. Mas e os filmes inspirados nas histórias reais da aviação e conquista do espaço, quando surgiram? Vou tentar responder.
“Hell’s Angels” (1930), de Howard Hughes, é um filme épico sobre pilotos da Royal Air Force (“Os Anjos do Inferno” do título, numa livre tradução). Hughes foi biografado no filme “O Aviador”, comentado mais abaixo.
“Memphis Belle: A Fortaleza Voadora” (1944), de William Wyler, é um documentário sobre a missão final do bombardeiro Boeing B-17, da Força Aérea dos EUA, na Segunda Guerra. A realização desse filme foi narrada de forma ficcional em “Memphis Belle” (1990), de Michael Caton-Jones.
“A Águia Solitária” (1957), de Billy Wider, drama biográfico sobre a primeira travessia do Atlântico realizada por Charles Lindberg num pequeno avião monomotor entre os dias 20 e 21 de maio de 1927. O piloto, então com 25 anos, interpretado por James Stuart, partiu da cidade de Nova Iorque e pousou em Paris. O filme recebeu o Oscar de Melhores Efeitos Especiais.
“2001: Uma Odisséia no Espaço” (1968), de Stanley Kubrick, embora seja uma ficção científica inspirada no livro de Arthur C. Clarke, um dos “personagens” é “Hall 9000”, um supercomputador que controla automaticamente a espaçonave “Discovery One”. Visionária, a obra previu com cinco décadas de antecedência que num futuro próximo os voos seriam autônomos.
“Apollo 13: Do Desastre ao Triunfo” (1995), de Ron Howard, é inspirado nos cinco dias em que os três tripulantes da missão Apollo 13, após a explosão de um tanque de oxigênio, padecem pelo frio, pouco oxigênio e incerteza de retornarem vivos à Terra. “Huston, temos um problema”!
“O Aviador” (2004), de Martin Scorsese, é baseado na vida do magnata Howard Hughes e sua decisiva contribuição ao desenvolvimento da aviação. Concomitantemente, o filme aborda seu importante papel como produtor da indústria do cinema a partir da década de 1920. Leonardo DiCaprio, no papel-título, recebeu a indicação ao Oscar de Melhor Ator.
“Amelia“ (2009), de Mira Nair, é baseado na vida de Amelia Earhart, aviadora que, a partir de 1928, estabeleceu diversos recordes de altitude e velocidade e foi a primeira mulher a atravessar o oceano atlântico como passageira.
“Santos Dumont” (2019), de Fernando Acquarone e Estevão Ciavatta, é uma minissérie de seis episódios da HBO. Luxuosa, muito bem realizada e com imagens realistas dos voos de “Monsieur Santô” (filantropo que nunca patenteou seus inventos e a quem considero um verdadeiro herói atemporal), aborda aspectos curiosos da vida desse grande brasileiro que, na resenha disponível pela produção na internet, é descrito como “um gênio da mecânica com alma de poeta”!
Faltou espaço para outros filmes que mereciam serem relembrados.
Espero que tenha gostado, muito obrigado pela leitura e até a próxima!
* Mário Efegomes Jr. é natural de Santos, advogado, cinéfilo e aficionado por música.
Fontes: Folha de São Paulo e Portais Google e Wikipédia.